
Muriqui
Arte Macramê

O Macramê...
Ao longo do tempo, a criatividade aliada às necessidades cotidianas permitiu que os homens criassem soluções aos seus desafios. Foi em meio ao nascimento da própria cultura, como tal, que surgiram as primeiras técnicas de extração de fios, bem como a amarração desses fios. A utilização de fibras e fios é tão antiga quanto à história do próprio homem. As fibras animais, em especial as semelhantes à lã, bem como as fibras vegetais, tais como o algodão, cânhamo, juta, sisal, ou linho, foram bastante utilizadas nas primeiras técnicas de fiação.
O Macramê é uma arte decorativa que consiste em atar fios em diversos tipos de nós apenas utilizando as mãos. Apesar de ter sido criado oficialmente, como técnica, na região da atual Turquia, estudos indicam que o Macramê era utilizado na China, na Mesopotâmia e no Egito por volta do ano 3.000 a.C.. No Museu Britânico, encontra-se um barrado assírio registrado como a peça mais antiga de Macramê, datada em 2000 a.C., feita com cipó, vime, couro e até mesmo capim.
No entanto, as fontes garantem que a técnica teve seu maior destaque nos reinos árabes medievais e também durante o apogeu do Império Bizantino. Os espanhóis e portugueses se destacaram por serem os primeiros europeus a terem contato com a técnica, aprendida por meio dos mouros que haviam conquistado a Península Ibérica desde o século VIII d.C. A partir de então, será nas Cruzadas que o Macramê vira a ser conhecido pelos demais povos da Europa, em especial os italianos e franceses. No século XVI, o Macramé tornar-se-á uma especialidade de Gênova, quando a técnica de atar os fios será conhecida como “punto a groppo” (em italiano “laço atado”). O Macramê se destacou na França medieval por ser feito em tecidos para fazer a franja com linhas mais finas e não apenas com cordões e barbantes grossos. Já em Portugal medieval, o tecido era desfiado para fazer franja: lá, a técnica passou a ser chamada também de “bróia”, “brolha” ou “amarradinho”. O Macramê chegou ao Brasil por meio dos colonizadores portugueses, vindo, provavelmente, por meio das senhoras que teciam seus enxovais de casamento. Posteriormente, a técnica seria ensinada pelas “sinhás” às escravas e deixando, assim, de ser uma prática exclusiva das senhoras ricas.
O Macramê atravessou os anos sendo esquecido por alguns e resgatado por outros. No entanto, foi nos anos 1970, com o movimento hippie nos Estados Unidos, o qual se espalhou pelo mundo, que a técnica voltou a ganhar notoriedade.
Atualmente, o macramê é utilizado por vários seguimentos, desde bijuterias feitas por artesãos e sendo vendidas nas praças e até mesmo nas lojas de grifes, passando por grandes e pequenos artistas a designers de moda e decoração.
Fonte: CAMPOS, L. C. & GARCIA, M. M. N. Pensando nos nós do Macramê: uma história, uma técnica, um lugar de memória no cotidiano feminino. Rio de Janeiro, v. VII, n. 3, jul./set. 2012.


